sábado, 9 de junho de 2012

Crítica


Marcha das Vadias


A Marcha das Vadias se iniciou ano passado no Canadá, após uma série de estupros na Universidade de Toronto, cuja culpa foi atribuída às próprias vítimas por vestirem-se como “vadias”. Assim, com tamanha indignação, a sociedade se organizou e criou esse movimento que culminou na “Marcha das Vadias”, o qual atingiu proporção internacional, com repercussão nas redes sociais e inúmeros protestos reivindicando, principalmente, o fim da violência contra a mulher e a atribuição de culpa conferida às mesmas.

Há muitas críticas sobre o nome da marcha, mas o importante não é ser moralista a ponto de questionar o nome e, sim, questionar e lutar pelo fim da violência. Pois, apesar das transformações econômicas, sociais e jurídicas, os meios de comunicação divulgaram dados de pesquisas de que, a cada 20 segundos, uma mulher é espancada no Brasil. Fato inadmissível diante da emancipação feminina, da instituição da Lei Maria da Penha, das garantias constitucionais, principalmente da igualdade e da liberdade, e num país que tem a sua nação governada por uma mulher.

A violência contra a mulher permanece e é ampla, com diversas formas, sendo muitas vezes silenciosa, e a procura por ajuda pode ser tardia. A maioria não presta denúncia por medo e pela permanência do estado de estupidez da cultura machista e patriarcal. Quando narram que foram vítimas de estupro, as pessoas justificam: “mas também, vestindo essa roupa”, “mas ela provocou”, “mas ela estava bêbada”, “tem mulher que merece”.

O direito a uma vida livre de violência consiste num dos direitos fundamentais mais básicos de qualquer pessoa, seja homem, seja mulher. Qualquer pessoa tem o direito de se vestir como quiser e isso não dá direito de ser desrespeitada, discriminada ou violentada. Chega de sermos escravos de um padrão de comportamento ditado pela sociedade a qual, ao mesmo tempo, reconhece que “todos são iguais perante a lei”, e separa mulheres em santas e vadias. Chega de fingir que não sabemos que muitas mulheres são estupradas fisicamente e “moralmente”, devemos admitir este triste cenário e procurar meios para transformação social em prol da igualdade de gênero e combate à violência.

É preciso libertar as ideias por igualdade e romper com preconceitos que discriminam e fazem a alma feminina chorar pela sua condição de ser diferente ou vestir-se diferentemente. Não importa o nome da marcha, conforme palavras de Simone de Beauvoir, a qual lutou pela libertação da mulher: “que nada nos defina, que nada nos sujeite, que a liberdade seja a nossa própria substância”. Vamos marchar por liberdade, igualdade e fim da violência!

Por Denise Nunes - atual coordenadora do Blog e estudante de Direito da Ulbra.

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