sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Críticas ao BBB

Prezado(a) companheiro(a) do Debate, compartilho o artigo do leitor Onyx Lorenzoni (deputado federal), publicado na edição de hoje, no Jornal Diário de Santa Maria, com críticas ao programa Big Brother Brasil.

                        Ainda prefiro um jogo de futebol

O termo Big Brother foi cunhado pelo escritor inglês George Orwell, no livro cujo título é 1984. Nessa obra, o Estado totalitário a tudo enxergaria e controlaria, nos mínimos detalhes nas vidas das pessoas. Seria uma situação de ditadura extrema. O livro de Orwell foi escrito em 1948, na época foi uma espécie de ficção política sobre o futuro sem democracia, sem respeito à propriedade privada e sem privacidade. Agora, um programa de TV inspirado na situação de uma “ditadura total” brinca com a própria noção de privacidade e controle sobre o que as pessoas fazem.

Expor pessoas como se fossem coisas, lhes submetendo a um tipo de tortura da “ditadura extrema” não seria desumano, cruel, ou, até mesmo, sádico? Será que as TVs não estariam indo longe demais na busca por saciar o sadismo de muitos telespectadores, que se comportam de maneira cruel na escolha de programas “interessantes” ou “desinteressantes”?

Uma coisa é um ator profissional chorando, um choro feito com técnicas dramáticas; outra coisa é induzir o choro real de uma pessoa com uma situação de alto stress. Mas, será que é ético submeter-se uma pessoa a este stress, mesmo que ela aceite isto para ganhar dinheiro, fama e promoção? Uma coisa é a violência de uma luta de boxe, que tem regras, atletas treinados, um espetáculo feito por gente que a vida inteira se dedicou a estudar e praticar um esporte olímpico; outra coisa é induzir pessoas a se agredirem em uma situação de pressão psicológica, alcoolismo e, até mesmo, assédio moral e sexual.

Será que é ético submeter-se pessoas a uma situação extrema de assédio moral e sexual só para ganhar pontos de audiência? Mesmo que as pessoas a participarem sejam adultas e responsáveis por seus atos, não estaríamos ultrapassando um pouco os limites éticos na busca por sucesso de público? Já vi programas que submetem pessoas a verdadeiras torturas, atos de agressão ao próprio corpo e ridicularizarão de pessoas em situação de vulnerabilidade, como mendigos, obesos, doentes mentais, entre outras situações questionáveis. Será isto uma conduta ética na produção de programas de TV? A lei proíbe que se ridicularizem candidatos durante o período eleitoral, o que não passa de uma casuística forma de censura prévia. Entretanto, seres humanos estão sendo submetidos a torturas em rede nacional de TV, isto seria correto? Sou contra a censura, e sou contra a tortura.

Posso parecer ultrapassado, mas ainda prefiro um bom jogo de futebol! Acredito que o esporte continua sendo a melhor metáfora dos desafios de nossas vidas.


Fontehttp://www.clicrbs.com.br/dsm/rs/impressa/4,41,3644491,18872

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe o seu comentário, com suas críticas e sugestões (selecione a opção "Nome/URL"):